O TP é uma doença crônica, que acomete aproximadamente 3,5% na população geral, sendo sua maioria adultos jovens, com pico de prevalência entre 25 e 44 anos de idade, sendo aproximadamente duas vezes mais freqüente no sexo feminino. A etiologia do TP é provavelmente multifatorial, incluindo fatores genéticos, biológicos, cognitivo-comportamentais e psicossociais que contribuem para o aparecimento dos sintomas de ansiedade.
Neste quadro predominam os sintomas somáticos e intensa apreensão relacionada à idéia de perda de controle ou morte iminente. Entre os sintomas somáticos que o paciente pode apresentar, a dor torácica exerce papel principal, reforçando a idéia de que ele esteja desenvolvendo problema cardiovascular grave, ameaçador à vida, levando à repetida busca por atendimento em unidades cardiológicas ou outros serviços de emergência.
O TP é caracterizado pela ocorrência espontânea e inexplicável de ataques de pânico, que são ataques recorrentes de uma ansiedade grave, que não ocorrem exclusivamente em uma situação ou circunstâncias determinadas, mas de fato são imprevisíveis. Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência brutal de palpitação e dores torácicas, sensação de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização). Existe, além disso, freqüentemente um medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco.
A expressão desse medo é dada por sintomas somáticos e cognitivos como taquicardia, sudorese, falta de ar, desrealização, despersonalização, medo de enlouquecer ou morrer. É freqüentemente acompanhado por agorafobia, que é o temor de se encontrar sozinho em lugares públicos, o qual tem como característica a dificuldade de uma saída rápida, caso surja novo ataque de pânico.
O indivíduo acometido por este transtorno também costuma ter tendência à preocupação excessiva com problemas do cotidiano, bom nível de criatividade, excessiva necessidade de estar no controle da situação, expectativas altas, e pensamentos rígidos. Freqüentemente, a pessoa tem tendência a subestimar suas necessidades físicas, por acreditar que está com as “rédeas nas mãos” de sua vivência. Tem o hábito de reprimir seus sentimentos como raiva, tristeza, mágoa, insatisfação entre outros.
As pessoas que sofrem com essa síndrome podem demorar em aceitar que se trata de um problema emocional. Através dessa dificuldade de lidar com suas debilidades, o indivíduo com TP, tem uma ansiedade excessiva, o qual propicia um quadro constante de ataques de pânico.
Esse quadro faz, muitas vezes, com que as pessoas se sintam impotentes, acreditando, não poder dar conta de suas próprias vidas. Perdem o controle de sua existência, acabando por fim mostrando-se dependentes, e acabando muitas vezes numa vida cheia de cerceamento.
A falta do diagnóstico precoce no tratamento do TP, usualmente, leva à busca repetida de atendimento por médico clínico, quando da ocorrência de novo ataque de pânico. E esse diagnóstico raramente é realizado, quando se trata de paciente chegando à sala de emergência com dor torácica. Em conseqüência desses erros diagnósticos, o paciente recebe normalmente tratamento inadequado e ineficaz para o TP, ocorrendo conseqüente cronificação dos sintomas, limitação das atividades e redução da qualidade de vida, além de uso excessivo e inadequado dos recursos médicos.