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Este blog foi criado pelos alunos de Psicologia do 4° semestre da UNISAL – Americana, como parte da avaliação da disciplina  Teorias Behavioristas da Personalidade II.

Trataremos sobre o assunto “Transtorno do Pânico” na visão Cognitiva Comportamental e nas outras abordagens.

Participantes desse grupo:

Emanuelle, Laysa, Luciane e Mariana

 

O Transtorno do Pânico (TP) pode ser diagnosticado como um conjunto de sintomas, que vem sendo muito estudado no decorrer das últimas décadas, devido ao grande número de pessoas acometidas por esta síndrome.

O objetivo deste blog é ter uma visão deste Transtorno, suas variáveis biopsicossociais e as possibilidades de tratamento.

Até o presente momento, o TP é tratado na maioria dos casos, através da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e/ou Farmacoterapia.

Partindo deste pressuposto, este blog visa pesquisar além das formas de tratamentos mais usuais, o TP sob uma visão psicobiológica, vendo as áreas de tratamento psicoterápico e farmacoterápico, nos últimos 15 anos no Brasil.

As raízes da experiência de Pânico estão profundamente arraigadas em nossos mitos culturais. O titulo Pânico é recente, mas essa denominação surgiu na Mitologia Grega, por conta do Deus Pã. Conta à Mitologia Grega que Pã era tão feio que, ao nascer, sua própria mãe fugiu assustada. Depois, o levou ao pai, que por sua vez, o embrulhou em uma pele de lebre e o levou para o Olimpo, provocando a alegria e o riso dos deuses. Muito amado pelos Deuses, porém provoca sensações dicotômicas entre os mortais, de adoração ao terror. È descrito como possuem chifres, pêlos, orelhas e pernas de bode características ligadas também a Dionísio, o Deus do êxtase, dos delírios orgiáasticos, da loucura. Os chifres simbolizam o poder, a força, sua relação com o arquétipo de Pai.

Os diversos modos como Pã era visto faz parte da essência desse mito. Os gregos tinham consciência dos seus aspectos positivos e negativos de Pã. Viam em Pã a ameaça da destruição e da fragmentação, mas também, o aspecto unificador e totalizador da vivência. O mito de Pã está associado à sexualidade, principalmente a desenfreada, à masturbação e ao estupro. Com a era Cristã, Pã perde o seu lado positivo, e com o passar dos anos, foi encarado como o próprio mal.

Deus Pã representa a própria natureza humana. Está presente em todos os medos, o medo da vida, da sexualidade, da loucura, entre outros. Ele deu o seu nome à palavra pânico, esse terror que se espalha em toda natureza e em todo ser, ao sentir a presença desse deus que perturba o espírito e enlouquece os sentidos.

 

O TP é uma doença crônica, que acomete aproximadamente 3,5% na população geral, sendo sua maioria adultos jovens, com pico de prevalência entre 25 e 44 anos de idade, sendo aproximadamente duas vezes mais freqüente no sexo feminino. A etiologia do TP é provavelmente multifatorial, incluindo fatores genéticos, biológicos, cognitivo-comportamentais e psicossociais que contribuem para o aparecimento dos sintomas de ansiedade.

Neste quadro predominam os sintomas somáticos e intensa apreensão relacionada à idéia de perda de controle ou morte iminente. Entre os sintomas somáticos que o paciente pode apresentar, a dor torácica exerce papel principal, reforçando a idéia de que ele esteja desenvolvendo problema cardiovascular grave, ameaçador à vida, levando à repetida busca por atendimento em unidades cardiológicas ou outros serviços de emergência.

O TP é caracterizado pela ocorrência espontânea e inexplicável de ataques de pânico, que são ataques recorrentes de uma ansiedade grave, que não ocorrem exclusivamente em uma situação ou circunstâncias determinadas, mas de fato são imprevisíveis. Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência brutal de palpitação e dores torácicas, sensação de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização). Existe, além disso, freqüentemente um medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco.

A expressão desse medo é dada por sintomas somáticos e cognitivos como taquicardia, sudorese, falta de ar, desrealização, despersonalização, medo de enlouquecer ou morrer. É freqüentemente acompanhado por agorafobia, que é o temor de se encontrar sozinho em lugares públicos, o qual tem como característica a dificuldade de uma saída rápida, caso surja novo ataque de pânico.

O indivíduo acometido por este transtorno também costuma ter tendência à preocupação excessiva com problemas do cotidiano, bom nível de criatividade, excessiva necessidade de estar no controle da situação, expectativas altas, e pensamentos rígidos. Freqüentemente, a pessoa tem tendência a subestimar suas necessidades físicas, por acreditar que está com as “rédeas nas mãos” de sua vivência. Tem o hábito de reprimir seus sentimentos como raiva, tristeza, mágoa, insatisfação entre outros.

As pessoas que sofrem com essa síndrome podem demorar em aceitar que se trata de um problema emocional. Através dessa dificuldade de lidar com suas debilidades, o indivíduo com TP, tem uma ansiedade excessiva, o qual propicia um quadro constante de ataques de pânico.        

Esse quadro faz, muitas vezes, com que as pessoas se sintam impotentes, acreditando, não poder dar conta de suas próprias vidas. Perdem o controle de sua existência, acabando por fim mostrando-se dependentes, e acabando muitas vezes numa vida cheia de cerceamento.

A falta do diagnóstico precoce no tratamento do TP, usualmente, leva à busca repetida de atendimento por médico clínico, quando da ocorrência de novo ataque de pânico. E esse diagnóstico raramente é realizado, quando se trata de paciente chegando à sala de emergência com dor torácica. Em conseqüência desses erros diagnósticos, o paciente recebe normalmente tratamento inadequado e ineficaz para o TP, ocorrendo conseqüente cronificação dos sintomas, limitação das atividades e redução da qualidade de vida, além de uso excessivo e inadequado dos recursos médicos.

Os sintomas são como uma preparação do corpo para alguma “coisa terrível”. A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do “perigo”, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir , acontece a liberação de adrenalina que provoca alterações fisiológicas, preparando o individuo para o “inimigo que se aproxima” .

Tais eventos podem durar de alguns minutos a horas e podem variar em intensidade e sintomas específicos no decorrer da crise. A ocorrência simultânea de quatro  sintomas, dentre os mencionados, é o suficiente para estabelecer o diagnóstico  da doença. É importante ressaltar, que há necessidade de que os ataques de pânico sejam recorrentes (várias vezes por semana ou até diariamente). Os sintomas mais comuns nessas crises são;

  • Ansiedade
  • Medos irracionais, medo de morrer
    • Medo de perder o auto-controle e enlouquecer.
    • Aumento da frequência cardíaca e respiratória, palpitações
    • Reflexos intensificados, hipervigilancia
    • Tremores de extremidades, seguido de espasmos musculares, contrações, tensões e rijeza.
    • Vertigem, escurecimento da visão, sensação de desmaio, palidez
    • Sensação de aperto na garganta, ressecamento da boca, vontade imensa de beber água
    • Formigamentos,anestesia, cãimbras, queimações
    • Sensações de falta de ar, sufocamento ou afogamento.
      • Tontura, atordoamento, náusea, desconforto abdominal.
      • Calafrios, ondas de calor ou sudorese.
      • Dor ou desconforto no peito.
      • Confusão e pensamento rápido, Sensação de perda de controle, dificuldades no pensamento linear e lógico
      • Dor de cabeça
      • Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (estar distante de si mesmo).
      • Terror – sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a
        acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento
      • .

AGORAFOBIA
A agorafobia  é  o   medo de estar em lugares  ou situações nas quais seja difícil sair ou que não haja ajuda disponível na hipótese da ocorrência de um ataque de pânico.
Dentre as situações mais frequentes de agorafobia, podemos mencionar aquelas em que o indivíduo está sozinho e fora de casa,   numa  multidão,  em locais de difícil saída (exemplo: shopping center), em uma ponte ou túnel, numa viagem de ônibus , trem , automóvel ou avião.

Transtorno do Pânico ( TP ) é uma entidade clínica recente e era antigamente chamada de neurastenia cardiocirculatória ou doença do coração do soldado (“coração irritável” denominação dada por Da Costa em 1860 durante a guerra civil americana), embora a primeira descrição sintomatológica tenha sido feita por Freud, que a classificou como neurose ansiosa.

Algumas drogas podem ativar os ataques de pânico como:

  • Anfetaminas,
  • Cocaína,
  • Maconha,
  • Alucinógenos,
  • Álcool e outras drogas,
  • Certos medicamentos.

Muitas doenças clínicas podem causar sintomas que imitam ataques de pânico, tais como:

  • Doenças do coração,
  • Distúrbios hormonais,
  • Infecções,
  • Epilepsia,
  • Asma e bronquite,
  • Meningites,
  • Perturbações associadas a certas substâncias químicas do sangue.

O TP é concebido, dentro da abordagem comportamental-cognitiva, como resultante de um sistema de crenças centrais, intermediárias e pensamentos disfuncionais. Esta falha no padrão cognitivo- comportamental é produto do histórico de reforços e punições deste indivíduo ao longo da vida .

A TCC para TP é um tratamento terapêutico que possui boa resposta de curto e de longo prazo tanto para os sintomas do pânico quanto para os sintomas residuais e, geralmente, persistentes de ansiedade antecipatória, como evitação fóbica e agorafobia. Os estudos confirmam que a TCC pode alterar o curso do TP não só por prevenir recaídas, mas também porque ela prolonga o intervalo entre elas. O tratamento breve com TCC (geralmente ao redor de 12 sessões) está associado a altos índices (75%) de pacientes livres de pânico. A eficácia demonstrada nos estudos sugere que os resultados de TCC são melhores do que a farmacologia de longo prazo: 87% dos pacientes permanecem sem ataques após um ano e 75-81% dois anos após a finalização de TCC breve O tamanho do efeito encontrado para a resposta terapêutica varia entre 0,6-2,3, dependendo da dimensão que seja avaliada.

A TCC é aconselhada por profissionais da saúde como a psicoterapia mais eficaz, tendo um foco no sintoma, buscando a solução do problema, e como ele foi gerando. Assim, as origens do transtorno são esclarecidas e tratadas e ele se desloca, apresentando outros sintomas, novos quadros, com a solução definitiva.

As técnicas da TCC se baseiam em uma abordagem em treinamento na qual os pacientes aprendem uma variedade de estratégias para lidar com essa síndrome. Os pacientes aplicam essa estratégia tanto no consultório como em casa. O componente cognitivo requer mais intervenção verbal do que o componente de relaxamento ou de exposição.

A TCC é tipicamente um tratamento breve, entre 10 e 20 sessões estruturadas, com objetivos claros a serem atingidos. Ela objetiva corrigir interpretações e os medos condicionados das sensações corporais. É prática, baseada em tarefas, e os papéis do paciente e do terapeuta são ativos. Pode ser ministrada individualmente ou em grupos.  A TCC pode ser introduzida em qualquer etapa do tratamento, variando da prevenção primária às intervenções em indivíduos refratários a outros tratamentos.

No tratamento utilizando a teoria comportamental radical são criadas metas, para que o cliente aprendesse a lidar diferentemente com seus

sentimentos (medo e ansiedade), e a reprogramar outras contingências para sua vida. As metas citadas são:

META 1 – Estabelecer um estado de desesperança criativo: leva o cliente a

discriminar que suas estratégias de controle não funcionam até então. É necessário encontrar uma outra forma de lidar com seus sentimentos e pensamentos.

META 2 – O Problema é o controle: busca-se mostrar ao cliente que se ele continuar tentando controlar seus sentimentos e pensamentos, acabará sendo controlado por eles.

META 3 – Distinguir a pessoa de seu comportamento: é importante que o cliente entenda que é ele quem observa seus pensamentos e sentimentos, ou seja, fazer com que o cliente se desvincule de seus comportamentos para ser seu “eu” observador, entendendo que contingências o levaram a comportar-se de determinada maneira e ajudá-lo na aceitação dos mesmos.

META 4 – Permitir que a luta pare: levar o cliente a aceitar seus pensamentos e sentimentos sem lutar ou tentar controlá-los.

META 5 – Assumindo um compromisso de ação: o terapeuta deve constatar junto ao cliente, se ele está preparado para assumir seus sentimentos e pensamentos sem defesas (negação, esquiva, tentativa de mudança ou qualquer outro tipo de luta). Em todas as metas há o uso de exercícios e metáforas.

Na visão da Gestalt o ser humano é visto como um organismo auto-regulador, que busca um equilíbrio, e quando algo não vai bem em alguma parte do corpo, ele todo é afetado. Se algo não esta bem em seu emocional, conseqüentemente seu organismo também é afetado. Quando uma pessoa sofre uma desordem, acaba vivenciando várias sensações corporal, que faz com que a pessoa experimente sensações estranhas no corpo. A Gestalt terapia apresenta uma postura acolhedora que proporciona a pessoa uma tomada de consciência de suas sensações. Há algumas técnicas que possibilitam uma tomada de consciência.

 

Já na visão Psicanalítica temos outro modo de entender o TP. De acordo com Freud, a Neurose de Angústia, assim como ele denominava, teria sua etiologia na má ou na não utilização da energia da libido. Ou seja, se o indivíduo vivência a angústia, de forma insatisfatória, ele acaba restringindo o funcionamento do eu. Assim, ele transforma essa angústia em um sintoma. Ao invés da pessoa vivenciar essa angústia de forma adaptativa, ela acaba produzindo um sintoma para substituí-la. Freud destaca uma questão muito importante, que contribui para a visão da Gestalt, fala da importância da energia ser usada de forma satisfatória, senão propicia o aparecimento de um sintoma.

A Gestalt ressalta a importância da utilização dessa energia. Se essa energia não for usada de forma a possibilitar um contato pleno com o outro, o indivíduo acaba adoecendo por causa do seu acúmulo. Assim, o indivíduo passa a ter um funcionamento do eu restrito, e conseqüentemente um ego fragilizado.

A abordagem Neurológica aponta outros fatores para esse tipo de transtorno. Um sintoma não pode ser considerado ou compreendido a partir apenas de uma lesão orgânica, senão a partir da consideração do organismo-como-um-todo. Esta teoria acredita que o TP se origina de pontos no tronco cerebral que compreendem a transmissão serotoninérgica, noradrenérgica e o controle respiratório; que a ansiedade antecipatória surge após a ativação de estruturas do sistema límbico, e, finalmente, que a esquiva fóbica é decorrente da ativação pré-cortical. Esta hipótese, então, explica que a medicação atua através da normalização da atividade do tronco cerebral em pacientes com TP, enquanto a terapia cognitivo-comportamental trabalharia no córtex. Esta correlação propõe que o TP pode compreender as mesmas vias envolvidas no medo condicionado em animais, incluindo o núcleo central da amígdala e suas projeções aferentes e eferentes, bem como o sistema septohipocampal e o córtex do cíngulo.